Celepar conclui curso de capacitação em informática para deficientes visuais 09/08/2011 - 13:10

Um projeto piloto na área de capacitação do deficiente visual foi o que promoveu a Companhia de Informática do Paraná (Celepar). Durante duas semanas, sete alunos receberam um treinamento de 40 horas/aula com abordagens, entre outros temas, sobre editores e leitores de textos, planilhas de cálculo, internet e redes sociais.

Ao fazer a entrega dos certificados aos participantes, o presidente Jacson Carvalho Leite enfatizou a importância da Celepar disseminar o uso das soluções de tecnologia da informação na sociedade, “com foco na inclusão social e profissional da pessoa com necessidades especiais”. A proposta da empresa, como explicou o presidente, é estabelecer novas turmas e, num futuro próximo, levar este tipo de treinamento especializado ao interior do Estado, através dos Telecentros.

O instrutor de informática da Secretaria de Estado da Educação e consultor de tecnologias assistivas, Ricardo José de Lima foi quem ministrou as aulas. “Pude ensiná-los técnicas que facilitam suas vidas e o crescimento profissional”. Cego desde os 11 anos, Lima contou que além do conhecimento sobre informática, tema do curso, “a troca de experiências e a integração social também são fundamentais para os deficientes visuais”.

Sociedade - Aluna do curso e assistente administrativo na Companhia Paranaense de Energia (Copel), Géssica Pereira reafirmou a importância dessa interação social. “A troca de conhecimento entre os colegas foi um dos principais benefícios que este projeto me proporcionou”. O professor Flávio Roberto Hermany, colega de Géssica, acrescentou ainda que o curso ampliou as possibilidades de emprego e tornou o grupo mais capaz de interagir com a sociedade.

Essa troca de experiências foi mútua. Por exemplo, o técnico de redes da Celepar, Henrique Souza Pesserl foi quem colaborou diretamente com os alunos no decorrer do curso. Durante a convivência com os participantes ele mais aprendeu do que ensinou: “é preciso muita sensibilidade para entender que não gostam que façamos as coisas por eles. Querem saber o caminho até o laboratório de informática, mas fazem questão do caminhar sozinho”.

Funcionários da Celepar há mais de 20 anos, Nelson Expedito e Anastácio Panfilo Braga foram contratados pela empresa após participarem do primeiro curso de programadores deficientes visuais oferecido pela Celepar em 1988. “Naquele tempo, a única ferramenta disponível era uma impressora braile acoplada ao computador. Era um trabalho brutal e nada produtivo”, contou Expedito.

Braga, por sua vez, lembrou que, desde então, muitas tecnologias foram desenvolvidas para facilitar e melhorar o trabalho do deficiente visual. “Hoje, temos acesso a leitores de telas e a voz sintetizada, por exemplo, que nos ajudam a executar as tarefas dos aplicativos”, concluiu.

Durante as aulas, foi utilizado o leitor de tela Orca. Um software que funciona no sistema operacional Linux e lê o que aparece na tela do computador. Para Géssica, este software foi um diferencial do curso, pois proporciona independência, na medida em que pode ser baixado pela internet, sem custo. Hermany pretende continuar em casa o aprendizado adquirido na Celepar. “Quero implantar este sistema no meu computador pessoal e aprimorar a navegação na internet”, disse.

O professor Ricardo José de Lima espera que este projeto seja apenas o primeiro e que os alunos continuem a investir em capacitação. “Se eu consegui estudar e ter um bom emprego, eles também conseguem. A questão é não parar de estudar e se aprimorar cada vez mais”. A Celepar, como informou o presidente Jacson Carvalho Leite na cerimônia de entrega de certificados, avalia a possibilidade de transformar este curso piloto em projeto de inclusão digital aos portadores de deficiência visual.

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