Vencedores da maratona de inovação Pense Agro são premiados

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25/09/2020 - 16:17
Editoria

Um tapete instalado no chão dos estábulos que, com o movimento de pessoas ou de vacas, geram energia que pode ser usada no processo de ordenha mecânica. Uma ferramenta simples de ser instalada nas propriedades e que permite aos agricultores fazer o diagnóstico antecipado para o controle de pragas e doenças. E um sistema de irrigação inteligente, com sensores que medem a umidade do solo para condicionar a rega conforme a necessidade de água das plantas, dando menos trabalho ao produtor.

Essas foram as três soluções vencedoras do Pense Agro, hackathon promovido pela Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Paraná (Fetaep) e pelo Governo do Estado, que teve apoio e patrocínio da Celepar. Os prêmios aos primeiros colocados da maratona de inovação foram entregues ontem (24), na sede da Fetaep, em Curitiba, com a presença dos parceiros do projeto.

A premiação inclui valores em dinheiro – R$ 3 mil para o primeiro lugar, R$ 2 mil para o segundo e R$ 1 mil para o terceiro – além da participação no programa de aceleração de startups Level One e consultorias no Sebrae.

O Pense Agro foi realizado em agosto e contou com a participação de 500 pessoas e 46 equipes pensando em soluções tecnológicas que possam ser usadas em pequenas propriedades rurais e no ensino técnico agrícola do Estado. Soluções desenvolvidas pela Celepar para a agricultura foram apresentadas no evento pelo presidente Leandro Moura.

Escola Agrícola 4.0

O hackathon também foi o primeiro passo para a implantação da Escola Agrícola 4.0, projeto de campanha do governador Carlos Massa Ratinho Junior, que dá um novo uso à Granja Canguiri, ex-residência oficial dos governadores do Paraná. O imóvel de 27 mil metros quadrados servirá de suporte às atividades do Colégio Estadual de Educação Profissional (CEEP) Newton Freire Maia, que fica nas proximidades da propriedade, localizada em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

A proposta é que o CEEP funcione como um laboratório para práticas inovadoras, que possam ser replicadas nos outros 18 colégios agrícolas do Estado. “Queremos formar profissionais atualizados, que acelere o processo no dia a dia prático dos agricultores”, afirmou o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

“Além de manter o currículo básico, também queremos trazer os colégios agrícolas para este novo patamar, com processos mais modernos de digitalização, inteligência artificial, o uso de algorítimo e de ferramentas modernas que poupam esforço e trazem ganhos de produtividade”, explicou

Inovação

Todos os projetos criados na maratona de inovação estão disponíveis no site www.penseagro.pr.gov.br e podem ser analisados para aplicação futura. “Para chegar a alguma aplicação prática ou tornar reais as tecnologias desenvolvidas, exige que mantenhamos as portas abertas nos órgãos de pesquisa ou empresas públicas do Estado”, afirmou Ortigara. “Existe essa disposição dentro do governo, de colocar a inovação como caminho. Mesmo as empresas ou agricultores podem acessar os projetos para contribuir com seu desenvolvimento”, ressaltou o secretário.

Desafios

Os participantes precisaram desenvolver ferramentas que resolvessem os desafios propostos no hackathon, divididos em três temas: Energias Renováveis, Uso e Reúso da Água e Horticultura em Condições Climáticas Adversas.

Para o presidente da Fetaep, Marcos Brambilla, cada uma das temáticas responde a necessidades reais da agricultura familiar, principalmente neste momento, em que o Estado passa por uma das maiores crises hídricas da sua história. “Em um curto espaço de tempo, conseguimos agregar conhecimento, inovação e tecnologia em cima de três pontos fundamentais, que mexem em insumos essenciais para a produção agropecuária”, disse.

“Temos estrutura no Paraná que pode receber esses projetos. A visão do governo, que incentiva e aposta na inovação, também deve levar em frente projetos. Este é um compromisso da Fetaep, de colocar esses projetos à disposição para desenvolver uma agricultura cada vez mais sustentável e equilibrada”, salientou.

Conheça os vencedores

A primeira colocada foi a equipe Electricow, que projetou uma solução sustentável para a ordenha mecânica na bovinocultura, uma alternativa para a queda de energia e que também traz economia na conta de luz. Trata-se de um tapete que utiliza a piezoeletricidade e é capaz de gerar energia a partir dos passos de pessoas ou animais.

A energia é armazenada em baterias, que podem ser utilizadas para abastecer os equipamentos de ordenha mecânica da produção leiteira. A equipe trabalha agora com a criação do protótipo do produto. “Eu tinha uma ideia de projeto e convidei alguns amigos para participar. “Foi muito bom ter esse agregado de conhecimento, porque eu não conseguiria desenvolver sozinha. Participar do hackathon agilizou muito o desenvolvimento do projeto”, explicou a estudante de agronomia Geovanna Kasemirinski da Silva.

Em segundo lugar ficou a equipe Diagneasy, que criou uma solução para ajudar no controle inteligente de pragas e doenças, permitindo que o produtor rural obtenha um diagnóstico antecipado da lavoura. Utilizando instrumentos já presentes no mercado, como armadilha de insetos e sensores, o sistema atrai os insetos e coleta esporos no ar. As estruturas são ligadas a um sistema de inteligência artificial, permitindo que o produtor acesse as informações por meio de um aplicativo.

A equipe foi formada durante a maratona, com participantes de diferentes partes do Brasil. “A ideia é usar ferramentas que já são utilizadas na agricultura, mas de forma automatizada. Aliamos essas ferramentas à inteligência artificial, para trazer ao produtor um diagnóstico antecipado de um possível problema que ele tenha na lavoura”, explicou o engenheiro agrônomo Gabriel Koch. “Desde a época da faculdade pensava em algo que permitisse um diagnóstico automatizado, mas não sabia se minha ideia era viável. Foi com a equipe multidisciplinar e os desafios do hackathon que percebemos que a proposta era viável”, disse.

O projeto SmartDrop, uma startup de inteligência hídrica, ficou na terceira posição. A equipe desenvolveu um sistema de irrigação eficiente, com a inserção de sensores para medir o grau de umidade do solo, para condicionar a irrigação conforme a necessidade da planta, sem gastos desnecessários de água. O sistema também gera um banco de dados com relatórios sobre as condições do solo e o volume de água usado em cada cultura.

“É um sistema de irrigação inteligente, que busca melhorar a eficiência hídrica dos pequenos produtores, principalmente do cultivo protegido, a produção de hortaliças em estufas. É um sistema totalmente automatizado, que além de garantir maior bem-estar ao produtor, também contribui com o meio ambiente”, explicou o estudante de agronomia Leopoldo Gubert Filho. “Foi uma ideia que pensamos antes do hackathon. Aprendemos muito neste processo, que nos deu um norte para desenvolver o projeto. Agora estamos em busca de investidores para efetivar o sistema”, ressaltou.

Iniciativa

Com o apoio e patrocínio da Celepar, o Pense Agro foi promovido pela Fetaep e Governo do Estado. A coordenação foi da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Superintendência de Inovação, com apoio das secretarias da Educação e do Esporte; da Agricultura e do Abastecimento, e do Planejamento e Projetos Estruturantes; da Paraná Projetos e do Sebrae/PR e patrocínio da Copel, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e da Huqsvarma. A metodologia do hackathon foi desenvolvida pela Startup Panic Lobster.

Fonte: Agência Estadual de Notícias